12 de jun. de 2014

Estamos no fim?

Há Religião

Papa reza pela paz com líderes israelense e palestino

"A oração pode tudo", escreveu o papa pelo Twitter, pedindo aos fiéis que rezem "pela paz no Oriente Médio e no mundo"

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O papa Francisco recebe os presidentes israelense e palestino, Simón Peres e Mahmud Abbas, para invocar juntos a paz no Oriente Médio. Em gesto histórico, o papa Francisco se reúne no Vaticano neste domingo com o presidente israelense, Shimon Peres, e o líder palestino, Mahmud Abbas, para uma oração pela paz no Oriente Médio. O convite para o encontro foi feito de forma inesperada durante a viagem de Francisco em maio à Terra Santa, como uma iniciativa para aproximar israelenses e palestinos, particularmente distanciados após o fracasso em abril das negociações de paz. "A oração pode tudo", escreveu o papa na véspera do encontro, no Twitter, pedindo aos fiéis que rezem "pela paz no Oriente Médio e no mundo".

Peres e Abbas desembarcaram em Roma neste domingo, pouco antes do encontro, e foram recebidos pelo papa na entrada de sua residência, a Casa Santa Marta, e não no Palácio Apostólico, como costuma ocorrer nas visitas oficiais. Posteriormente, junto ao patriarca ortodoxo, Bartolomeu I, seguiram pelos jardins até a Casina Pio IV, não muito longe do Museu do Vaticano. A cerimônia é dividida em três atos. Em cada um deles será feita uma oração - primeiro judaica, depois cristã e por último muçulmana - de agradecimento pela Criação, além de pedidos de perdão e invocações pela paz.

Leia também: Líderes de Israel e da Palestina rezarão juntos no Vaticano

Cada momento do encontro deste domingo foi estudado minuciosamente para evitar que o ato seja instrumentalizado por alguma das partes. O ato, que inclui orações, meditações e música, está sendo realizado em local neutro, os jardins do Vaticano, ao ar livre e sem símbolos religiosos. Francisco explicou à imprensa que seria "uma loucura" se o Vaticano fizesse propostas de paz ou mediasse as negociações. Trata-se, sobretudo, de um gesto simbólico para defender e invocar a paz, que durará cerca de uma hora. O chefe da Igreja católica deseja mostrar que as três religiões monoteístas – cristã, judaica e muçulmana –, além de ter raízes comuns, podem trabalhar juntas pela paz.

Todos os momentos da cerimônia serão precedidos por música, interpretada ao vivo, que permitirá aos presentes se recolher em meditação. Os judeus rezarão em hebraico, os cristãos em inglês, árabe e italiano e os muçulmanos em árabe. O Vaticano publicou no sábado os textos das orações e das invocações para evitar surpresas. O encontro público será encerrado com um "gesto comum de paz": os três darão as mãos e plantarão juntos uma oliveira, símbolo da paz. Ao fim, o papa terá um breve encontro a portas fechadas com os dois presidentes, antes que eles deixem o Vaticano.

Pausa na política – "Este é um momento para pedir a Deus pelo presente da paz. É uma pausa na política", declarou na sexta-feira o padre franciscano Pierbattista Pizzaballa, sacerdote responsável por cuidar dos locais de peregrinação católica na Terra Santa e um dos principais organizadores do encontro marcado para hoje. O religioso declarou que não se trata de uma "oração interreligiosa" e que cada um rezará segundo sua confissão.

O religioso afirmou que o evento "é também um convite aos políticos a fazer uma pausa e levantar os olhos ao céu". "Todos querem que algo aconteça, que algo mude. Todos estão cansados dessas eternas negociações que nunca terminam", disse. "O santo padre não quer entrar nas questões políticas do conflito israelense-palestino - que todos nós conhecemos até o mais mínimo detalhe, de 'A' a 'Z'. O papa Francisco nunca se envolverá em discussões sobre fronteiras ou assentamentos, mas sua intenção é ajudar a criar o clima social e religioso em que a paz possa surgir."

Retomadas em agosto após três anos congeladas, com a intermediação do governo dos EUA, as negociações entre israelenses e palestinos foram suspensas novamente em abril, após as facções palestinas Fatah, que governa a Cisjordânia, e Hamas, que controla a Faixa de Gaza anunciarem sua reconciliação. Considerado terrorista por Israel, EUA e outros países, o islamista Hamas não reconhece o Estado israelense.

(com AFP e Estadão Conteúdo)

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